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LENDA DOS ORIXAS
LENDA DOS ORIXAS

 

LENDAS DOS ORISÁS

 

As lendas foram tiradas de livros e sites. O importante é que sejam divulgadas e lidas para que cada um de nós conheçamos um pouco mais dos Orisás

 

ORISAS

ESÚ

Òrìsà Princípio de Movimento e Interligação. Certa vez, dois amigos de infância, que jamais descutiam, esqueceram-se de fazer-lhe as oferendas devidas para Esù. Foram para o campo trabalhar, cada um na sua roça. As terras eram vizinhas, separadas apenas por um estreito canteiro. Esù, zangado pela negligência dos dois amigos, decidiu preparar-lhes um golpe à sua maneira: Ele colocou sobre a cabeça um boné pontudo que era branco do lado direito e vermelho dolado esquerdo. Depois, seguiu o canteiro, chegando à altura dos dois trabalhadores amigos e , muito educadamente, cumprimentou-os: "Bom trabalho, meus amigos !" Estes, gentilmente, responderam-lhe: "Bom passeio, nobre estrangeiro !" Assim que Esù afastou-se, o homem que trabalhava no campo da direita, falou para o seu companheiro: "Quem pode ser este personagem de boné branco ?" "Seu chapeu era vermelho", respondeu o homem do campo a esquerda. "Não, ele era branco, de um branco de alabastro, o mais belo branco que existe !" 'Ele era vermelho, de um vermelho escarlate, de fulgor insustentável !" "Ele era branco, tratar-me de mentiroso ?" "Ele era vermelho, ou pensas que sou cego ? " Cada um dos amigos tinha razão e ambos estavam furioso da desconfiança do outro. Irritados, eles agarraram-se e começaram e bater-se até matarem-se a golpes de enxada. Esù estava vingado ! Isto não teria acontecido se as oferendas de Esù não tivessem sido negligenciadas. Pois Esù pode ser o mais benevolente dos Òrìsàs se é tratado com consideração e generosidade. Há uma maneira hábil de obter um favor de Esù. É preperar-lhe um golpe mais astuto que aqueles que ele mesmo prepara. Abaixo uma lenda onde se explica isto.

 

Conta-se que Aluman estava desesperado com uma grande seca. Seus campos estavam secos e a chuva não caia. As rãs choravam de tanta sede e os rios estavam cobertos de folhas mortas, caídas das árvores. Nenhum Òrìsà invocado escutou suas queixas e gemidos. Aluman decidiu, então, oferecer a Esù grandes pedaços de carne de bode. Esù comeu com apetite desta excelente oferenda. Só que Aluman havia temperado a carne com um molho muito apimentado. Esù teve sede. Uma sede tão grande que toda a água de todas as jarras que ele tinha em casa, e que tinham, em suas casas, os vizinhos, não foi suficiente para matar sua sede. Esù foi a torneira da chuva e abriu-a sem pena. A chuva caiu. Ela caiu de dia, ela caiu de noite. Ela caiu no dia seguinte e no dia depois, sem parar. Os campos de Aluman tornaram-se verdes. Todos os vizinhos de Aluman cantaram sua glória: "Joro, jara, joro Aluman; Joro, jara, joro Aluman." E as rãsinhas gargarejavam e coaxavam, e o rio corria velozmente para não transbordar. Aluman, reconhecido, ofereceu a Esù carne de bode com o tempero no ponto certa da pimenta. Havia chovido bastante. Mais, seria desastroso !!! Pois , em todas as coisas, o demais é inimigo do bom .

 

Um dia Orunmilá foi procurar Osalá em seu palácio. Orunmilá e sua mulher queriam ter um filho. Chegando ao palácio de Osalá, Orunmilá encontrou Esú Yangui sentado à esquerda da entrada principal. Já dentro do palácio, e diante do velho rei, Orunmilá fez seu apelo, escutando de Osalá uma resposta negativa. O velho rei afirmou-lhe que ainda não era tempo da chegada de um filho. Orunmilá, insatisfeito e ao mesmo tempo curioso, perguntou à Osalá quem era aquele menino sentado à porta do palácio e pediu ao rei, se poderia levá-lo como filho. Osalá garantiu-lhe que não era o filho ideal de se ter, ao que Orunmilá insistiu tanto em seu pedido que obteve a graça de Osalá. Tempos depois nasceu Esú, filho de Orunmilá. Para espanto dos pais, nasceu falando e comendo tudo que estava a sua volta, acabando por devorar a própria mãe. Esú aproximou-se de Orunmilá para também comê-lo, entretanto o adivinho tinha consigo uma espada e enfurecido partiu para matar o filho. Esú fugiu, sendo perseguido por Orunmilá, que a cada espaço do céu alcançava-o, cortando Esú em duzentos e um pedaços. A cada encontro, o ducentésimo primeiro pedaço transformava-se novamente em Esú. Assim terminaram por atingir o último espaço sagrado e, como não tinham mais saída, resolveram entrar num acordo. Esú devolveu tudo o que havia comido, inclusive sua mãe, em troca seria sempre saudado primeiro em todos os rituais.

 

OGUN

Ogum e Sango nunca se reconciliaram e, vez por outra, se degladiavam nas mais absurdas disputas. Certa vez Ogum propôs a Sango que dessem uma trégua em suas lutas, pelo menos até a próxima lua que chegaria. Sango fez alguns gracejos ao quais Ogum revidou, mas decidiram por uma aposta, continuando assim a disputa. Ogum propôs que ambos fossem à praia e recolhessem o maior número de búzios que conseguissem e quem vencesse daria ao perdedor o fruto da coleta. Deixando Sango, Ogum seguiu para a casa de Oiá e solicitou-lhe que pedisse à Ikú (a morte) que fosse à praia no horário em que ele havia combinado com Sango. Oiá exigiu uma quantia em ouro, o que prontamente recebeu de Ogum. Na manhã seguinte, Ogum e Sango se apresentaram na praia, iniciando a disputa. Vez por outra se entreolhavam e Sango cantarolava sotaques jocosos contra Ogum. O que Sango não percebeu é que Ikú havia se aproximado dele. Sango levantou os olhos e se deparou com Ikú que riu de seu espanto. Sango largou sua sacola com os búzios colhidos e desesperado se escondeu de Ikú. À noite Ogum procurou Sango mostrando seu espólio. Sango, envergonhado, abaixou a cabeça e entregou ao guerreiro o fruto de sua coleta".

Quando, depois de muitos anos de guerras, Ogun voltou ao reino de Irê, por infelicidade celebrava-se uma cerimônia na qual todos deviam guardar o mais rigoroso silêncio. Vinha cansado, com fome e com sede, e achou que o silêncio de todos era uma falta de respeito. Ogun, cuja paciência é muito curta, enfureceu-se e, com a espada, começou a cortar cabeças e quebrar tudo. Terminada a obrigação de silêncio, seu filho apareceu, oferecendo-lhe suas comidas prediletas, cães e caramujos, feijão regados com azeite de dendê e potes de vinho de palma. Ogun, satisfeito e calmo, lamentou seus atos de violência e declarou que já vivera o bastante. Baixou a ponta do sabre em direção ao chão e desapareceu pela terra a dentro, transformando-se em Orisá.

Ògún lutava sem cessar contra os reinos vizinhos. Ele trazia sempre um rico espôlio de suas expedições, além de numerosos escravos. Todos estes bens conquistados, ele entregava a Odùduá, seu pai, rei de Ifé. Ògún continuou suas guerras. Durante uma delas, ele tomou Irê. Antigamente, esta cidade era formada por sete aldeias. Por isto chamam-no, ainda hoje, Ògún mejejê lodê Irê - "Ògún das sete partes de Irê". Ògún matou o rei, Onirê e o substituiu pelo próprio filho, conservando para si o título de Rei. Ele é saudado como Ògún Onirê! - "Ogum Rei de Irê!" Entretanto, ele foi autorizado a usar apenas uma pequena coroa, "akorô". Daí ser chamado, também, de Ògún Alakorô - "Ogum dono da pequena coroa". Após instalar seu filho no trono de Irê, Ògún voltou a guerrear por muitos anos. Quando voltou a Irê, após longa ausência, ele não reconheceu o lugar. Por infelicidade, no dia de sua chegada, celebrava-se uma cerimônia, na qual todo mundo devia guardar silêncio completo. Ògún tinha fome e sede. Ele viu as jarras de vinho de palma, mas não sabia que elas estavam vazias. O silêncio geral pareceu-lhe sinal de desprezo. Ògún, cuja paciência é curta, encolerizou-se. Quebrou as jarras com golpes de espada e cortou a cabeça das pessoas. A cerimônia tendo acabado, apareceu, finalmente, o filho de Ògún e ofereceu-lhe seus pratos prediletos: caracóis e feijão, regados com dendê, tudo acompanhado de muito vinho de palma. Ògún, arrependido e calmo, lamentou seus atos de violência, e disse que já vivera bastante, que viera agora o tempo de repousar. Ele baixou, então, sua espada e desapareceu sob a terra. Ògún tornara-se um òrìsà.

 

OSÓSSI

Òrìsà da Caça e da Fartura !!! Em tempos distantes, Odùdùwa, Obà de Ifé, diante do seu Palácio Real, chefiava o seu povo na festa da colheita dos inhames. Naquele ano a colheita havia sido farta, e todos em homenagem, deram uma grande festa comemorando o acontecido, comendo inhame e bebendo vinho de palma em grande fartura. De repente, um grande pássaro, (èlèye), pousou sobre o Palácio, lançando os seus gritos malignos, e lançando fardas de fogo, com intenção de destruir tudo que por ali existia, pelo fato de não terem oferecido uma parte da colheita as Àjès (feiticeira, portadoras do pássaro), personificando seus poderes atravez de Ìyamì Òsóróngà. Todos se encheram de pavor, prevendo desgraças e catástrofes. O Oba então mandou buscar Osotadotá, o caçador das 50 flechas, em Ilarê, que, arrogante e cheio de si, errou todas as suas investidas, desperdiçando suas 50 flechas. Chamou desta vez, das terras de Moré, Osotogi, com suas 40 flechas. Embriagado, o guerreiro também desperdiçou todas suas investidas contra o grande pássaro. Ainda foi, convidado para grande façanha de matar o pássaro, das distantes terras de Idô, Osotogum, o guardião das 20 flechas. Fanfarão, apesar da sua grande fama e destreza, atirou em vão 20 flechas, contra o pássaro encantado e nada aconteceu. Por fim, já com todos sem esperança, resolveram convocar da cidade de Ireman, Òsotokànsosó, caçador de apenas uma flecha. Sua mãe Yemonjá, sabia que as èlèye viviam em cólera, e nada poderia ser feito para apaziguar sua fúria a não ser uma oferenda, vez que três dos melhores caçadores falharam em suas tentativas. Yemonjá foi consultar Ifá para Òsotokànsosó. Foi consultar os Bàbálàwo. Eles disseram que faça oferendas. Eles dizem que Yemonjá prepare ekùjébú (grão muito duro) naquele dia. Eles dizem que tenha também um frango òpìpì (frango com as plumas crespas). Eles dizem que tenha èkó (massa de milho envolta em folhas de bananeira). Eles dizem que Yemonjá tenha seis kauris. Yemonjá faz então assim, pediram ainda que, oferecesse colocando sobre o peito de um pássaro sacrificado em intenção. Eles dizem que ofereça em uma estrada, dizem que recite o seguinte: "Que o peito da ave receba esta oferenda". Neste exato momento, o seu filho disparava sua única flecha em direção ao pássaro, esse abria sua guarda recebendo a oferenda ofertada por Yemonjá, recebendo também a flecha serteira e mortal de Òsotokànsosó. Todos após tal ato, começaram a dançar e gritar de alegria: "òsóòsì! òsóòsì!" (caçador do povo). A partir desse dia todos conheceram o maior guerreiro de todas as terras, foi referenciado com honras e carrega seu título até hoje. Òsóòsì.

Desrespeitando a proibição de caçar num determinado dia, não cumprindo assim a determinação de Ifá, Osóssi seguiu seu caminho em direção à floresta. Osun, sua esposa, cansada de tanto ver seu marido quebrar os tabus, abandonou o caçador. Sozinho, caminhando pela mata, Osóssi escutou um canto que dizia: "Eu não sou bicho de penas para ser morta por você!!!". Era o canto de uma serpente, era Osumarê. Obstinado, Osóssi encontrou a serpente, atravessando-a com sua lança e partindo-a em vários pedaços. No caminho de volta, Osóssi continuou escutando o mesmo canto. Ao chegar em casa, foi para a cozinha e preparou uma iguaria com o fruto de sua caça e, como sempre estava faminto, devorou-a rapidamente. Na manhã seguinte Osun retornou à casa para ver como estava o caçador. Para seu espanto encontrou Osóssi morto, caído no chão e ao seu lado um rastro de cobra que se alongava até a entrada da floresta. Desesperada, Osun procurou Orunmilá que ouviu seu pleito, fez renascer Osóssi como orisá protetor de todos os caçadores e transformou Osun num rio sagrado.

Conta-se no Brasil que Osóssi era o irmão mais jovem de Ogun e Esu, todos três filhos de Yemonjá. Esu, por ser indisciplinado, foi por ela mandado embora. Ogun trabalhava no campo e Osóssi caçava nas florestas vizinhas. A casa encontrava-se, assim, abastecida de produtos agrícolas e caça. No entanto, um Babalaô alertou Yemonjá para o risco de Ossanyin, aquele que possuía o conhecimento das virtudes das plantas e vivia nas profundezas da floresta, enfeitiçar Osossi e obrigá-lo a ficar em sua companhia. Yemonjá ordenou então ao filho que renunciasse às atividades de caçador. Ele, porém, de personalidade independente, continuou suas incursões pela floresta. Tendo encontrado Ossanyin, que o convidou a beber uma poção de folhas maceradas, caiu em estado de amnésia. Ficou, pois, vivendo em companhia de Ossanyin, como previra o Babalaô. Ogun, inquieto com a ausência do irmão, partiu à sua procura, encontrando-o nas profundezas da floresta. Ele o trouxe de volta, mas Yemonjá irritada, não quis receber o filho desobediente. Revoltado com a intransigência materna, Ogun recusou-se a continuar em casa. Quanto a Osóssi, este preferiu voltar para a floresta, para perto de Ossanyin. Yemonjá desesperada por ter perdido os três filhos, transformou-se em um rio.

 

OMULÚ

Òrìsà da Continuidade da Existência !!! Obaluaiê era muito mulherengo e não obedecia a nenhum mandamento que fosse. Numa data importante, Orunmilá advertiu-o que se abstivesse de sexo, o que ele não cumpriu. Naquele mesmo dia possuiu uma de suas mulheres. Na manhã seguinte despertou com o corpo coberto de chagas. Suas mulheres pediram a Orunmilá que intercedesse junto a Olodumare, mas este não perdoou Obaluaiê, que morreu em seguida. Orunmilá usando o mel de Osun, despejou-o por sobre todo o palácio de Olodumare. Este, deliciado, perguntou a Orunmilá quem havia despejado em sua casa tal iguaria. Orunmilá disse-lhe que havia sido uma mulher. Todas as divindades femininas foram chamadas, mas faltava Osun, que confirmou ao chegar que era seu aquele mel. Olodumare pediu-lhe mais, ao que Osun lhe fez uma proposta. Osun daria a ele todo o mel que quisesse, desde que ressuscitasse Obaluaiê. Olodumare aceitou a condição de Osun, e Obaluaiê saiu da terra vivo e são.

Chegando de viagem à aldeia onde nascera, Omulu viu que estava acontecendo uma festa com a presença de todos os Orisás. Omulu não podia entrar na festa, devido à sua medonha aparência. Então ficou espreitando pelas frestas do terreiro. Ogum, ao perceber a angústia do Orisá, cobriu-o com uma roupa de palha, com um capuz que ocultava seu rosto doente, e convidou-o a entrar e aproveitar a alegria dos festejos. Apesar de envergonhado, Omulu entrou, mas ninguém se aproximava dele. Iansã tudo acompanhava com o rabo do olho. Ela compreendia a triste situação de Omulu e dele se compadecia. Iansã esperou que ele estivesse bem no centro do barracão. O xirê estava animado. Os Orisás dançavam alegremente com suas equedes. Iansã chegou então bem perto dele e soprou suas roupas de palha, levantou-lhe as palhas que cobriam sua pestilência. Nesse momento de encanto e ventania, as feridas de Omulu pularam para o alto, transformadas numa chuva de pipocas, que se espalharam brancas pelo barracão. Omulu, o deus das doenças, transformara-se num jovem, num jovem belo e encantador. Omulu e Iansã Igbalé tornaram-se grandes amigos e reinaram juntos sobre o mundo dos espíritos dos mortos, partilhando o poder único de abrir e interromper as demandas dos mortos sobre os homens

Obaluayê havia levado seus guerreiros aos quatro cantos do mundo. Uma ferida feita por suas flechas tornava as pessoas cegas, surdas ou mancas. Obaluyê-Xapanan chegou assim, ao Daomé, batendo e dizimando seus inimigos, e pôs-se a massacrar e a destruir tudo o que encontrava à sua frente. Os daomeanos, porém, tendo consultado um Babalaô aprenderam a acalmar Obaluayê com oferenda de pipocas. O Orisá, tranquilizado pelas atenções, mandou-os construir um palácio, onde ele passaria a morar. Daomé prosperou e se acalmou

 

ÒSANYÌN

Òsanyin era o nome de um escravo que foi vendido a Orunmila. Um dia ele foi à floresta a lá conheceu Aroni, que sabia tudo sobre as plantas. Aroni, o gnomo de uma perna só, ficou amigo de Òsanyin e ensinou-lhe todo o segredo das ervas. Um dia, Orunmilá, desejoso de fazer uma grande plantação, ordenou a Òsanyin que roçasse o mato de suas terras. Diante de uma planta que curava dores, Òsanyin exclamava: "Esta não pode ser cortada, é as erva as dores". Diante de uma planta que curava hemorragias, dizia: "Esta estanca o sangue, não deve ser cortada". Em frente de uma planta que curava a febre, dizia: "Esta também não, porque refresca o corpo". E assim por diante. Orunmilá, que era um babalao muito procurado por doentes, interessou-se então pelo poder curativo das plantas e ordenou que Òsanyin ficasse junto dele nos momentos de consulta, que o ajudasse a curar os enfermos com o uso das ervas miraculosas. E assim Òsanyin ajudava Orunmilá a receitar a acabou sendo conhecido como o grande médico que é.

Òsanyin, filho de Nanã e irmão de Osumare, Ewá e Obaluayê, era o senhor das folhas, da ciência e das ervas, o Orisá que conhece o segredo da cura e o mistério da vida. Todos os Orisás recorriam a Òsanyin para curar qualquer moléstia, qualquer mal do corpo. Todos dependiam de Òsanyin na luta contra a doença. Todos iam à casa de Òsanyin oferecer seus sacrifícios. Em troca Òsanyin lhes dava preparados mágicos: banhos, chás, infusões, pomadas, abô, beberagens. Curava as dores, as feridas, os sangramentos; as disenterias, os inchaços e fraturas; curava as pestes, febres, órgãos corrompidos; limpava a pele purulenta e o sangue pisado; livrava o corpo de todos os males. Um dia Sango, que era o deus da justiça, julgou que todos os Orisás deveriam compartilhar o poder de Òsanyin, conhecendo o segredo das ervas e o dom da cura. Sango sentenciou que Òsanyin dividisse suas folhas com os outros Orisás. Mas Òsanyin negou-se a dividir suas folhas com os outros Orisás. Sango então ordenou que Iansã soltasse o vento e trouxesse ao seu palácio todas as folhas das matas de Òsanyin para que fossem distribuídas aos Orisás. Iansã fez o que Sango determinara. Gerou um furacão que derrubou as folhas das plantas e as arrastou pelo ar em direção ao palácio de Sango. Òsanyin percebeu o que estava acontecendo e gritou: - "Euê Uassá!". "As folhas funcionam!" Òsanyin ordenou às folhas que voltassem às suas matas e as folhas obedeceram às ordens de Òsanyin. Quase todas as folhas retornaram para Òsanyin. As que já estavam em poder de Sango perderam o Axé, perderam o poder da cura. O Orisá Rei, que era um Orisá justo, admitiu a vitória de Òsanyin. Entendeu que o poder das folhas devia ser exclusivo de Òsanyin e que assim devia permanecer através dos séculos. Òsanyin, contudo, deu uma folha para cada Orisá, deu uma euê para cada um deles. Cada folha com seus axés e seus efós, que são as cantigas de encantamento, sem as quais as folhas não funcionam. Òsanyin distribuiu as folhas aos Orisás para que eles não mais o invejassem. Eles também podiam realizar proezas com as ervas, mas os segredos mais profundos ele guardou para si. Òsanyin não conta seus segredos para ninguém, Òsanyin nem mesmo fala. Fala por ele seu criado Aroni. Os Orisás ficaram gratos a Òsanyin e sempre o reverenciam quando usam as folhas.

Òrìsà das Folhas e das Matas !!! Òrúnmílá dá a Òsanyìn o nome das plantas. Ifá foi consultado por Òrúnmílá que estava partindo da terra para o céu e que estava indo apanhar todas as folhas. Quando Òrúnmílá chegou ao céu Olódùmaré disse, eis todas as folhas que queria pegar o que fará com elas ? Òrùnmílá respondeu que iria usá-las, disse que, iria usá-las para beneficio dos seres humanos da Terra. Todas as folhas que Òrunmílá estava pegando, Òrúnmílá carregaria para a Terra. Quando chegou à pedra Àgbàsaláààrin ayé lòrun (pedra que se encontra no meio do caminho entre o céu e a terra) Aí Òrúnmílá encontrou Òsanyìn no caminho. Perguntou: Òsanyìn onde vai? Òsanyìn disse; "Vou ao céu, disse ele, vou buscar folhas e remédios". Òrúnmílá disse, muito bem, disse, que já havia ido buscar folhas no céu, disse, para benefício dos seres humanos da terra. Disse, olhe todas essas folhas, Òsanyìn pode apenas arrebatar todas as folhas. Ele poderia fazer remédios (feitiços) com elas porém não conhecia seus nomes. Foi Òrúnmílá quem deu nome a todas as folhas. Assim Òrúnmílá nomeou todas as folhas naquele dia. Ele disse, você Òsanyìn carrega todas as folhas para a terra, disse, volte, iremos para terra juntos. Foi assim que Òrúnmílá entregou todas as folhas para Òsanyìn naquele dia. Foi ele quem ensinou a Òsanyìn o nome das folhas apanhadas.

Desde pequeno Òsanyìn andava metido mata adentro. Conhecia todas as folhas, sabendo empregá-las na cura de doenças e outros males. Um dia Òsanyìn resolveu partir pelo mundo. Por onde andava era aclamado como o grande curandeiro. Certa vez salvou a vida de um rei, que em recompensa deu-lhe muitas riquezas. Òsanyìn não aceitou nada daquilo; disse que aceitaria somente os honorários que seriam pagos a qualquer médico. Tempos depois, a mãe de Òsanyìn adoeceu. Sendo procurado por seus irmãos e para espanto destes, Òsanyìn exigiu o pagamento de sete cauris por seus serviços, pois não poderia trabalhar para quem quer que fosse no mundo, sem receber algo. Mesmo contrariados os irmãos pagaram-lhe os sete cauris e sua mãe foi salva. Òsanyìn curou a mãe e seguiu caminho, pois ele é a folha e tinha que estar livre para o mundo.

Òsanyìn havia recebido de Olodumaré o segredo das ervas. Estas eram de sua propriedade e ele não as dava a ninguém, até o dia em que Sangô se queixou à sua mulher, Yansan-Oyá, senhora dos ventos, de que somente Òsanyìn conhecia o segredo de cada uma dessas folhas e que os outros deuses estavam no mundo sem possuir poder sobre nenhuma planta. Oyá levantou as saias e agitou-as, impetuosamente. Um vento violento começou a soprar. Òsanyìn guardava o segredo das ervas numa cabaça pendurada num galho de iroco. Quando viu que o vento havia soltado a cabaça e que esta tinha se quebrado ao bater no chão, ele gritou "Ewê O!! Ewê O!" (Oh! as folhas!! Oh! as folhas!!) As folhas voaram pelo mundo e os Orisás se apoderaram de algumas delas, mas Òsanyìn continuou dono do segredo das suas virtudes e dos cantos e palavras que devem se dizer para que sua força, Axé, apareça.

 

SANGO

Sango, filho de Obatalá, era um jovem rebelde e vez por outra saía pelo mundo botando fogo pela boca, queimando cidades e fazendo arruaça. Seu pai, Obatalá, era informado de seus atos, recebendo queixas de todas as partes da terra. Obatalá alegava que seu filho era como era por não haver sido criado junto dele, mas que, algum dia, conseguiria dominá-lo. Certo dia, estando Sango na casa de Obá, deixou seu cavalo branco amarrado junto à porta da casa. Obatalá e Odudua passaram por lá, viram o animal de Sango, e o levaram com eles. Ao sair, Sango percebeu o roubo e enfurecido saiu em busca do animal, perguntando aqui e acolá. Chegando a uma vila próxima dali, informaram-lhe que dois velhos estavam levando consigo seu animal, o que deixou Sango ainda mais colérico. Sango alcançou os dois velhos e ao tentar agredi-los percebeu que eram Obatalá e Odudua. Obatalá levantou seu opaxorô (cajado) e ordenou: "Sangò kunlé, foribalé". Sango desarmado atirou-se ao chão em total submissão à Obatalá. Sango tinha consigo seu colar de contas vermelhas, que Obatalá arrebentou e misturou a elas suas contas brancas dizendo: "Isto é para que toda a terra saiba que você é meu filho". Daquele dia em diante Sango submeteu-se às ordens do velho rei.

 

OSUN

Òrìsà do Amor, Mágia e da Beleza ! Osun era filha de Orunmilá. Um dia casou-se com Sango, indo viver em seu palácio. Logo Sango percebeu o desinteresse de Osun pelos afazeres domésticos, pois a rainha vivia preocupada com suas jóias e caprichos. Aborrecido, Sango mandou prendê-la numa torre, sentindo-se livre novamente. Esú, vendo a situação de Osun correu e contou a seu pai Orunmilá que, fazendo deste seu mensageiro, entregou-lhe um pó mágico que deveria ser soprado sobre Osun. Esú, que se transforma no que quer, chegou ao alto da torre e soprou o pó sobre Osun que, no mesmo instante, transformou-se num lindo pombo chamado Adabá, ganhando a liberdade e voltando à casa paterna.

Conta-se que quando todos os Orisás chegaram à terra organizavam reuniões onde as mulheres não eram admitidas. Osun ficou aborrecida por ser posta de lado e não poder participar de todas as deliberações. Para vingar-se, tornou as mulheres estéreis e impediu que as atividades desenvolvidas pelos deuses chegassem a resultados favoráveis. Desesperados, os Orisás voltaram a Olodumaré e explicaram-lhe que as coisas iam mal sobre a terra. Olodumaré perguntou se Osun participava das reuniões e os Orisás responderam que não. Olodumaré explicou-lhes então que, sem a presença de Osun e do seu poder sobre a fecundidade, nenhum dos seus empreendimentos poderiam dar certo.

Conta-nos uma lenda, que Òsùn queria muito aprender os segredos e mistérios da arte da adivinhação, para tanto, foi procurar Èsù, para aprender os princípios de tal dom. Èsù, muito matreiro, falou à Òsùn que lhe ensinaria os segredos da adivinhação, mas para tanto, ficaria Òsùn sobre os domínios de Èsù durante sete anos, passando, lavando e arrumando a casa do mesmo, em troca ele a ensinaria. E, assim foi feito, durante sete anos Òsùn foi aprendendo a arte da adivinhação que Èsù lhe ensinará e consequentemente, cumprindo seu acordo de ajudar nos afazeres domésticos na casa de Èsù. Findando os sete anos, Òsùn e Èsù, tinham se apegado bastante pela convivência em comum, e Òsùn resolveu ficar em companhia desse Òrìsà. Em um belo dia, Sàngó que passava pelas propriedades de Èsù, avistou aquela linda donzela que penteava seus lindos cabelos a margem de um rio e de pronto agrado, foi declarar sua grande admiração para com Òsùn. Foi-se a tal ponto que Sàngó, viu-se completamente apaixonado por aquela linda mulher, e perguntou se não gostaria de morar em sua companhia em seu lindo castelo na cidade de Oyó . Òsùn rejeitou o convite, pois lhe fazia muito bem a companhia de Èsù. Sàngó então irado e contradito, sequestrou Òsùn e levou-a em sua companhia, aprisionando-a na masmorra de seu castelo. Èsù, logo de imediato sentiu a falta de sua companheira e saiu a procurar, por todas as regiões, pelos quatro cantos do mundo sua doce pupila de anos de convivência. Chegando nas terras de Sàngó, Èsù foi surpreendido por um canto triste e melancólico que vinha da direção do palácio do Rei de Oyó, da mais alta torre. Lá estava Òsùn, triste e a chorar por sua prisão e permanencia na cidade do Rei. Èsù, esperto e matreiro, procurou a ajuda de Òrùnmílá, que de pronto agrado lhe sedeu uma poção de transformação para Òsùn desvencilhar-se dos dominíos de Sàngó. Èsù, atravez da magia pode fazer chegar as mãos de sua companheira a tal poção. Òsùn tomou de um só gole a poção mágica e transformou-se em uma linda pomba dourada, que voôu e pode então retornar a casa de Esù

Òrìsà do Amor, Mágia e da Beleza ! Osun era filha de Orunmilá. Um dia casou-se com Sango, indo viver em seu palácio. Logo Sango percebeu o desinteresse de Osun pelos afazeres domésticos, pois a rainha vivia preocupada com suas jóias e caprichos. Aborrecido, Sango mandou prendê-la numa torre, sentindo-se livre novamente. Esú, vendo a situação de Osun correu e contou a seu pai Orunmilá que, fazendo deste seu mensageiro, entregou-lhe um pó mágico que deveria ser soprado sobre Osun. Esú, que se transforma no que quer, chegou ao alto da torre e soprou o pó sobre Osun que, no mesmo instante, transformou-se num lindo pombo chamado Adabá, ganhando a liberdade e voltando à casa paterna.

Conta-se que quando todos os Orisás chegaram à terra organizavam reuniões onde as mulheres não eram admitidas. Osun ficou aborrecida por ser posta de lado e não poder participar de todas as deliberações. Para vingar-se, tornou as mulheres estéreis e impediu que as atividades desenvolvidas pelos deuses chegassem a resultados favoráveis. Desesperados, os Orisás voltaram a Olodumaré e explicaram-lhe que as coisas iam mal sobre a terra. Olodumaré perguntou se Osun participava das reuniões e os Orisás responderam que não. Olodumaré explicou-lhes então que, sem a presença de Osun e do seu poder sobre a fecundidade, nenhum dos seus empreendimentos poderiam dar certo.

Conta-nos uma lenda, que Òsùn queria muito aprender os segredos e mistérios da arte da adivinhação, para tanto, foi procurar Èsù, para aprender os princípios de tal dom. Èsù, muito matreiro, falou à Òsùn que lhe ensinaria os segredos da adivinhação, mas para tanto, ficaria Òsùn sobre os domínios de Èsù durante sete anos, passando, lavando e arrumando a casa do mesmo, em troca ele a ensinaria. E, assim foi feito, durante sete anos Òsùn foi aprendendo a arte da adivinhação que Èsù lhe ensinará e consequentemente, cumprindo seu acordo de ajudar nos afazeres domésticos na casa de Èsù. Findando os sete anos, Òsùn e Èsù, tinham se apegado bastante pela convivência em comum, e Òsùn resolveu ficar em companhia desse Òrìsà. Em um belo dia, Sàngó que passava pelas propriedades de Èsù, avistou aquela linda donzela que penteava seus lindos cabelos a margem de um rio e de pronto agrado, foi declarar sua grande admiração para com Òsùn. Foi-se a tal ponto que Sàngó, viu-se completamente apaixonado por aquela linda mulher, e perguntou se não gostaria de morar em sua companhia em seu lindo castelo na cidade de Oyó . Òsùn rejeitou o convite, pois lhe fazia muito bem a companhia de Èsù. Sàngó então irado e contradito, sequestrou Òsùn e levou-a em sua companhia, aprisionando-a na masmorra de seu castelo. Èsù, logo de imediato sentiu a falta de sua companheira e saiu a procurar, por todas as regiões, pelos quatro cantos do mundo sua doce pupila de anos de convivência. Chegando nas terras de Sàngó, Èsù foi surpreendido por um canto triste e melancólico que vinha da direção do palácio do Rei de Oyó, da mais alta torre. Lá estava Òsùn, triste e a chorar por sua prisão e permanencia na cidade do Rei. Èsù, esperto e matreiro, procurou a ajuda de Òrùnmílá, que de pronto agrado lhe sedeu uma poção de transformação para Òsùn desvencilhar-se dos dominíos de Sàngó. Èsù, atravez da magia pode fazer chegar as mãos de sua companheira a tal poção. Òsùn tomou de um só gole a poção mágica e transformou-se em uma linda pomba dourada, que voôu e pode então retornar a casa de Esù

LOGUN EDÉ

O Òrìsà da Mágia e da Boa Sorte. Logun-Edé era filho de Osun e Osóssi. Sem poder viver no palácio de Osun, foi criado por Oiá na beira do rio. Osóssi seu pai, era demasiado rude e não conseguia conviver com o filho, sumindo por longo tempo em suas caçadas. Logun, afeiçoado pela mãe, vez por outra ia ao palácio de Sango, onde Osun vivia. Logun vestia-se de mulher pois Sango era ciumento e não permitia a entrada de homens em sua morada. Assim, Logun passava dias e dias vestido de mulher mas na companhia de sua mãe e das outras rainhas. Um dia houve uma grande festa no orun à qual todos os orisás compareceram com seus melhores trajes. Logun-Edé, que vivia na beira do rio a caçar e pescar não possuía trajes belos. Foi então que vestiu-se com as roupas que Osun lhe dera para disfarçar-se e com elas foi à grande recepção. Ao chegar, todos ficaram admirados com a beleza de Logun-Edé, e perguntavam: "Quem é esta formosura tão parecida com Osun?". Ifá, muito curioso, chegou perto do rapaz e levantou o filá que cobria seu rosto. Logun-Edé ficou desesperado e saiu da festa correndo, com medo que todos descobrissem sua farsa. Entrou na floresta correndo e foi avistado por Osóssi que o seguiu, sem reconhecê-lo, encantado com sua beleza. Logun-Edé, de tanto correr fugindo à perseguição do caçador, caiu cansado. Osóssi então atirou-se sobre ele e possuiu-o ali mesmo.

Estava Òsóssì o rei da caça a caminhar por um lindo bosque em companhia de sua amada esposa Òsún, dona da beleza da riqueza e portadora dos segredos da maternidade. Quando de seu passeio, foi avistado por Òsún um lindo menino que estava a beira do caminho a chorar, encontrando-se perdido, Òsún de pronto agrado, acolheu e amparou o garoto, onde surgiu nesse exato momento uma grande identificação, entre ele, Òsún e Òsóssì. Durante muitos anos Òsún e Òsóssì, cuidaram e protegeram-lhe, sendo que, Òsún procurou durante todo esse tempo a mãe do menino, porém sem sucesso, resolveu te-lo como próprio filho. O tempo foi passando e Òsóssì, vestiu o menino com roupas de caça e ornamentou-o com pele de animais, proveniente de suas caçadas. Ensinou a arte da caça, de como manejar e empunhar o arco e a flecha, ensinou os princípios da confraternidade para com as pessoas e o dom do plantio e da colheita, ensinou a ser audaz e a ter paciência, a arte e a leveza, a astúcia e a destreza, provenientes de um verdadeiro caçador. Òsún por sua fez, ensinou ao garoto o dom da beleza, o dom da elegância e da vaidade, ensinou a arte da feitiçaria, o poder da sedução, a viver e sobreviver sobre o mundo das águas doces, ensinou seus segredos e mistérios. Foi batizado por sua mãe e por seu pai de Lógún Edé, o príncipe das matas e o caçador sobre as águas. Viveu durante anos sobre a proteção de pai e mãe, tornando-se um só, aprendendo a ser homem, justo e bondoso, herdando a riqueza de Òsún e a fartura de Òsóssì, adquirindo princípios de um e princípios de outro, tornando-se herdeiro até nos dias de hoje de tudo que seu pai Òsóssì carrega e sua mãe Òsún leva.

 

YANSA

Embora tenha sido esposa de Sangô , Iansã percorreu vários reinos e conviveu com vários Reis. Foi paixão de Ogum, Osogiyan e de Esú. Conviveu e seduziu Osossi, Logun-Edé e tentou em vão relacionar - se com Obaluaê. Sobre este assunto a história conta que Iansã percorreu vários Reinos usando sua inteligência, astúcia e sedução para aprender de tudo e conhecer igualmente tudo. Em Irê , terra de Ogum foi a grande paixão do Guerreiro. Aprendeu com ele o manuseio da espada e ganhou deste o direito de usá-la.Depois partiu e foi para Oxogbo, terra de Osogiyan .Com ele aprendeu o uso do Escudo para se defender de ataques inimigos e recebeu o direito de usá-lo.Depois partiu e nas estradas deparou-se com Esú.Com ele aprendeu os mistérios do fogo e da magia .No reino de Osossi, seduziu o Deus da Caça, e aprendeu a caçar, a tirar a pele do búfalo e se transformar naquele animal com a ajuda da magia aprendida com Esú .Seduziu Logun-Odé ,e com ele aprendeu a pescar. Foi para o Reino de Obaluaê pois queria descobrir seus mistérios e conhecer seu rosto. Lá chegando, insinuou-se. Mas muito desconfiado , Obaluaê perguntou o que Oya queria e ela respondeu :-"queria ser sua amiga". Então , fez sua Dança dos Ventos, que já havia seduzido vários reis. Contudo, sem emocionar ou sequer atrair a atenção de Obaluaê. Incapaz de seduzí-lo, Iansã procurou apenas aprender, fosse o que fosse. Assim dirigiu-se ao homem da palha: -"Aprendi muito com os outros Reis, mas só me falta aprender algo contigo." - "Quer mesmo aprender, Oya? Vou te ensinar a tratar dos Mortos". Venceu seu medo com sua ânsia de aprender e com ele descobriu como conviver com os Eguns e a controlá-los. Partiu então para o Reino de Sangô, pois lá acreditava que teria o mais vaidoso dos reis e aprenderia a viver ricamente. Mas ao chegar ao reino do Rei do Trovão, Iansã aprendeu mais do que isso, aprendeu a amar verdadeiramente e com uma paixão violenta, pois Sangô dividiu com ela os poderes do raio e deu à ela seu coração .O fogo das paixões, o fogo da alegria e o que queima. Ela é o Orisá do Fogo.

Oiá vivia com Ogum antes de tornar-se esposa de Sango. Vivia, então, com o ferreiro ajudando-o em seu ofício, principalmente manejando o fole para atear fogo à forja. Certa vez Ogum presenteou Oiá com uma varinha de ferro que possuía o poder de dividir em sete partes os homens e em nove partes as mulheres, bastando tocá-la no corpo de um deles. Ogum dividia com Oiá, o poder de manejar essa arma nas guerras. Nessa mesma vila vivia Sango, simpático e sedutor que, vez por outra, ia à casa de Ogum apreciar não só o trabalho do ferreiro, mas também para arriscar olhares para Oiá. Sango impressionava muito Oiá, principalmente por seu olhar majestático. Um dia Oiá fugiu com Sango fazendo com que Ogum saísse numa busca alucinante pelos dois. Ao encontrarem-se, Ogum e Oiá tocaram-se ao mesmo tempo com a varinha e o encanto aconteceu. Ogum dividiu-se em sete partes donde recebeu o nome de Ogum Mejê, e Oiá foi dividida em nove partes, sendo conhecida como Oiá Mesan, a mãe que transformou-se em nove.

Òrìsà dos Ventos e da Tempestade !!! Ogun estava caçando na floresta. Colocando-se na espreita, percebeu um búfalo que vinha em sua direção. Preparava-se para matá-lo, quando o animal, parando subitamente, retirou a sua pele. Surgiu uma linda mulher. Era Yansan. Ela enrolou a pele nos chifres e a escondeu num formigueiro. Ogun apossou-se do despojo, escondendo-o. Seguiu então Yansan, que em passo elegante dirigia-se ao mercado, a fim de fazer-lhe a corte. Lá, pediu-a em casamento. Yansan sorriu, mas recusou-se ao pedido. Então Ogun disse que a esperaria. Yansan voltou à floresta e, não encontrando sua pele e chifres no formigueiro, voltou ao mercado já vazio onde Ogun a esperava e disse que se casaria com ele. Recomendou, no entanto, que ele não contasse a ninguém que, na verdade, ela era um animal. Ogun respondeu que guardaria segredo e levou Yansan. Viveram bem durante alguns anos e Yansan pôs nove crianças no mundo, o que provocou o ciúme das outras esposas. Elas fizeram então alusão ao segredo. Yansan, enraivecida, vestiu a sua pele, e sua a forma de búfalo, matou as mulheres ciumentas, partindo em seguida. Os seus chifres, ela os deixou com os filhos, dizendo-lhes que os batessem um contra o outro, em caso de necessidade, que ela viria imediatamente em seu socorro.

Osogyian estava em guerra, mas a guerra não acabava nunca, tão poucas eram as armas para guerrear. Ògún fazia as armas, mas fazia lentamente. Osogyian pediu a seu amigo Ògún urgência, Mas o ferreiro já fazia o possível. O ferro era muito demorado para se forjar e cada ferramenta nova tardava como o tempo. Tanto reclamou Osaguiã que Oyá, esposa do ferreiro, resolveu ajudar Ògún a apressar a fabricação. Oyá se pôs a soprar o fogo da forja de Ògún e seu sopro avivava intensamente o fogo e o fogo aumentado de calor derretia o ferro mais rapidamente. Logo Ògún pode fazer muitas armas e com as armas Osogyian venceu a guerra. Osogyian veio então agradecer Ògún. E na casa de Ògún enamorou-se de Oyá. Um dia fugiram Osogyian e Oyá, deixando Ògún enfurecido e sua forja fria. Quando mais tarde Osogyian voltou à guerra e quando precisou de armas muito urgentemente, Oyá teve que voltar a avivar a forja. E lá da casa de Osogyian, onde vivia, Oyá soprava em direção à forja de Ògún. E seu sopro atravessava toda a terra que separava a cidade de Osogyian da de Ògún. E seu sopro cruzava os ares e arrastava consigo pó, folhas e tudo o mais pelo caminho, até chegar às chamas com furor atiçava. E o povo se acostumou com o sopro de Oyá cruzando os ares e logo o chamou de vento. E quanto mais a guerra era terrível e mais urgia a fabricação das armas, mais forte soprava Oyá a forja de Ògún. Tão forte que às vezes destruía tudo no caminho, levando casas, arrancando árvores, arrasando cidades e aldeias. O povo reconhecia o sopro destrutivo de Oyá e o povo chamava a isso tempestade.

Oiá desejava ter filhos, mas não podia conceber Oiá foi consultar um babalaô e ele mandou que ela fizesse um ebó. Ela deveria oferecer um carneiro, um agutã, muitos búzios e muitas roupas coloridas. Oiá fez o sacrifício e teve nove filhos. Quando ela passava, indo em direção ao mercado, o povo dizia: "Lá vai Iansã". Lá ia Iansã, que quer dizer mãe nove vezes.E lá ia ela toda orgulhosa ao mercado vender azeite-de-dendê. Oiá não podia ter filhos, mas teve nove, depois de sacrificar um carneiro, e em sinal de respeito por seu pedido atendido Iansã, a mãe de nove filhos, nunca mais comeu carneiro.

Certa vez houve uma festa com todas as divindades presentes. Omulu-Obaluaê chegou vestindo seu capucho de palha. Ninguém o podia reconhecer sob o disfarce e nenhuma mulher quis dançar com ele. Só Oiá, corajosa, atirou-se na dança com o Senhor da Terra. Tanto girava Oiá na sua dança que provocava vento.E o vento de Oiá levantou as palhas e descobriu o corpo de Obaluaê. Para surpresa geral, era um belo homem. O povo o aclamou por sua beleza. Obaluaê ficou mais do que contente com a festa, ficou grato e em recompensa, dividiu com ela o seu reino. Fez de Oiá a rainha dos espíritos dos mortos. Rainha que é Oiá Igbalé, a condutora dos eguns. Oiá então dançou e dançou de alegria para mostrar a todos seu poder sobre os mortos, quando ela dançava , agitava no ar o iruquerê, o espanta-mosca com que afasta os eguns para o outro mundo. Rainha Oiá Igbalé, a condutora dos espíritos. Rainha que foi sempre a grande paixão de Omulu.

 

OBÁ

Obá escolheu a guerra para dar alegria à sua vida. Enfrentava a tudo e a todos, vencendo sempre. Um dia Obá desafiou Ogum, que era um valente guerreiro. O ardiloso Ogum, que sabia da bravura de Obá, foi procurar os adivinhos para que o aconselhassem sobre a melhor maneira de vencer a guerreira. Foi-lhe recomendado oferecer uma gamela contendo espigas de milho e quiabos, tudo bem pilado, formando uma massa viscosa e escorregadia. Ogum preparou a oferenda, colocando-a num canto do lugar onde lutariam. Obá chegou altaneira e em tom desafiador começou a dominar a luta. Lá pelas tantas Ogum levou-a até onde estava a oferenda e Obá, desajeitada, caiu sobre a oferenda escorregando sem parar. Na queda, Ogum aproveitou e possuiu Obá ali mesmo, tornando-se seu primeiro homem. Tempos depois Sango roubou Obá de Ogum.

NANÃ

Nanã era considerada como a grande justiceira. Qualquer problema que ocorria em seu reino, os habitantes a procuravam para ser a juíza das causas. No entanto, Nanã era conhecida como aquela que sempre castigava mais os homens, perdoando as mulheres. Nanã possuía um jardim em seu palácio onde havia um quarto para o eguns, que eram comandados por ela. Se alguma mulher reclamava do marido, Nanã mandava prendê-lo chamando os eguns para assustá-lo, libertando o faltoso em seguida. Osalufã sabedor das atitudes da velha Nanã resolveu visitá-la. Chegou a seu palácio faminto e pediu a Nanã que lhe preparasse um suco com igbins. Oxalufã muito sabido fez Nanã beber dele, acalmando-a e a cada dia que passava ela gostava mais do velho rei. Pouco a pouco Nanã foi cedendo aos pedidos do velho, até que um dia levou-o a seu jardim secreto, mostrando-lhe como controlava os eguns. Na ausência de Nanã, Oxalufã vestiu-se de mulher e foi ter com os eguns, chamando-os exatamente como Nanã fazia, ordenando-lhes que deveriam obedecer a partir dali somente ao homem que vivia na casa da rainha. Em seu retorno Nanã tomou conhecimento do fato ficando zangada com o velho rei. Foi então que rogou uma praga no velho rei que partir dali nunca mais usaria vestes masculinas. Por isso até hoje Oxalufã veste-se com saia cumprida e cobre o rosto como as deusas rainhas.

Nanan Buruku é a divindade das águas, a mais antiga de todas, muito velha e arredia, dona das águas paradas, das lagoas e dos pântanos. Certa feita, numa reunião com todos os Imalés, falou-se muito sobre Obatalá, aquele que criou os homens, sobre Orunmyilá, o dono do destino dos seres humanos. Sobre Esu disseram que era um importante mensageiro, e sobre Ogun, que era o mais importante de todos, que era o dono do ferro e dos metais e que sem as ferramentas que ele fazia era impossível plantar, colher, construir ou fazer a guerra. Todos o reverenciaram, menos Nanan Buruku. Ela se dispôs a provar que não precisava dos metais. Com as madeiras mais duras da floresta fez cavadeiras para semear e cavar; para caçar, fez flechas de caniço e osso; para cozinhar, panelas de barro; para guerrear, lanças e clavas, facas de bambu e escudos de couro de rinoceronte. É por isso que não se usam objetos de metal para matar os animais oferecidos a Nanan Buruku.

Dizem que quando Olorum encarregou Osalá de fazer o mundo e modelar o ser humano, o Òrìsà tentou vários caminhos. Tentou fazer o homem de ar, como ele. Não deu certo, pois o homem logo se desvaneceu. Tentou fazer de pau, mas a criatura ficou dura. De pedra, mas ainda a tentativa foi pior. Fez de fogo e o homem se consumiu. Tentou azeite, água e até vinho de palma, e nada. Foi então que Nanã veio em seu socorro e deu a Osalá a lama, o barro do fundo da lagoa onde morava ela, a lama sob as águas, que é Nanã. Osalá criou o homem, o modelou no barro. Com o sopro de Olorum ele caminhou. Com a ajuda dos òrìsà povoou a Terra. Mas tem um dia que o homem tem que morrer. O seu corpo tem que voltar à terra, voltar à natureza de Nanã. Nanã deu a matéria no começo mas quer de volta no final tudo o que é

 

YEMONJÁOlodumare fez o mundo e repartiu entre os orisás vários poderes, dando a cada um reino para cuidar. A Esú deu o poder da comunicação e a posse das encruzilhadas. A Ogum o poder de forjar os utensílios para agricultura e o domínio de todos os caminhos. A Osóssi o poder sobre a caça e a fartura. A Obaluaê o poder de controlar as doenças de pele. Osunarê seria o arco-íris, embelezaria a terra e comandaria a chuva, trazendo sorte aos agricultores. Sango recebeu o poder da justiça e sobre os trovões. Oiá reinaria sobre os mortos e teria poder sobre os raios. Euá controlaria a subida dos mortos para o orun, bem como reinaria sobre os cemitérios. Osun seria a divindade da beleza, da fertilidade das mulheres e de todas as riquezas materiais da terra, bem como teria o poder de reinar sobre os sentimentos de amor e ódio. Nanã recebeu a dádiva, por sua idade avançada, de ser a pura sabedoria dos mais velhos, além de ser o final de todos os mortais; nas profundezas de sua terra, os corpos dos mortos seriam recebidos. Além disso do seu reino sairia a lama da qual Osalá modelaria os mortais, pois Odudua já havia criado o mundo. Todo o processo de criação terminou com o poder de Osogyian que inventou a cultura material. Para Yemonjá, Olodumare destinou os cuidados da casa de Osalá, assim como a criação dos filhos e de todos os afazeres domésticos. Yemonjá trabalhava e reclamava de sua condição de menos favorecida, afinal, todos os outros deuses recebiam oferendas e homenagens e ela, vivia como escrava. Durante muito tempo Yemonjá reclamou dessa condição e tanto falou, nos ouvidos de Osalá, que este enlouqueceu. O ori (cabeça) de Osalá não suportou os reclamos de Yemonjá. Osalá ficou enfermo, Yemonjá deu-se conta do mal que fizera ao marido e, em poucos dias, utilizando-se de ori (banha vegetal), de omi-tutu (água fresca), de obi (fruta conhecida como nóz-de-cola), eyelé-funfun (pombos brancos) e esò (frutas) deliciosas e doces, curou Osalá. Osalá agradecido foi a Olodumare pedir para que deixasse a Iemanjá o poder de cuidar de todas as cabeças. Desde então Iemanjá recebe oferendas e é homenageada quando se faz o bori (ritual propiciatório à cabeça) e demais ritos à cabeça.

Yemonjá seria a filha de Olokum, deus (em Benin e em Lagos) ou deusa (em Ifé) do mar. Foi casada pela primeira vez com Orunmyila, senhor das adivinhações, depois com Olofin-Oduduá, Rei de Ifé, com quem teve dez filhos, que se tornaram Orisás. De tanto amamentar seus filhos, seus seios ficaram enormes. Esta foi a origem dos desentendimentos com o marido. Embora ela já o houvesse prevenido, dizendo-lhe que jamais toleraria que ele ridicularizasse os seus seios, uma noite o marido, que havia se embriagado com vinho de palma, não mais podendo controlar suas palavras, fez comentários sobre seus seios voluminosos. Tomada de cólera, Yemonjá fugiu em direção ao oeste, o "escurecer da terra". Olokun lhe havia dado outrora, por medida de precaução, uma garrafa contendo um preparado, pois "não-se-sabe-jamais-o-que-pode-acontecer-amanhã". E assim Yemonjá foi instalar-se à oeste de Abeokutá, alusão à migração dos Egbás. Olofin-Oduduá lançou seu exército à procura de Yemonjá. Esta, cercada, em vez de se deixar prender e ser conduzida de volta a Ifé, quebrou a garrafa, segundo as instruções recebidas. Um rio criou-se na mesma hora, levando-a para Okun, o mar, lugar de residência de Olokun

 

EWÁ

Havia uma mulher que tinha dois filhos, aos quais amava mais do que tudo. Levando as crianças, ela ia todos os dias à floresta em busca de lenha, lenha que ela recolhia e vendia no mercado para sustentar os filhos. Ewá, seu nome era Ewá e esse era seu trabalho, ia ao bosque com seus filhos todo dia. Uma vez, os três estavam no bosque entretidos quando Ewá percebeu que se perdera. Por mais que procurasse se orientar, não pôde Ewá achar o caminho de volta. Mais e mais foram os três se embrenhando na floresta. As duas crianças começaram a reclamar de fome, de sede e de cansaço. Quanto mais andavam, maior era a sede, maior a fome. As crianças já não podiam andar e clamavam à mãe por água. Ewá procurava e não achava nenhuma fonte, nenhum riacho, nenhuma poça d'água. Os filhos já morriam de sede e Ewá se desesperava. Ewá implorou aos deuses, pediu a Olodumare. Ela deitou-se junto aos filhos moribundos e, ali onde se encontrava, Ewá transformou-se numa nascente d'água. Jorrou da fonte água cristalina e fresca e as crianças beberam dela. E a água matou a sede das crianças. E os filhos de Ewá sobreviveram. Mataram a sede com a água de Ewá. A fonte continuou jorrando e as águas se juntaram e formaram uma lagoa. A lagoa extravasou e as águas mais adiante originaram um novo rio. Era o rio Ewá, o Odô Ewá.

Ewá, filha de Obatalá e Nanã, vivia em seu castelo como se estivesse numa clausura. O amor de Obatalá por ela era muito estranho. A fama da beleza e da castidade da princesa chegou a todas as partes, inclusive ao reino de Sango. Mulherengo como era, Sango planejou como iria seduzir Ewá. Empregou-se como jardineiro no palácio de Obatalá. Um dia Ewá apareceu na janela e admirou-se de Sango. Nunca havia visto um homem como aquele. Não se tem notícia de como Ewá se entregou a Sango, no entanto, arrependida de seu ato, pediu ao pai que lhe enviasse a um lugar onde nenhum homem lhe enxergasse. Obatalá deu-lhe o reino dos mortos. Desde então é Ewáquem, no cemitério, entrega a Oiá os cadáveres que Obaluaiê conduz para que Orisá-Okô os coma.

 

OSUMÀRÈ

Òrìsà do Arco-Irís !!! Òsùmàrè , filho de Nanã, nasceu com o destino de ser seis meses um monstro com esse nome, e seis meses uma linda mulher chamada Bessem. Aos poucos Bessem revoltou-se com sua mãe Nanã, pois não conseguia ter um amor que durasse por muito tempo. Seu companheiro sempre desaparecia quando ela se transformava em monstro. Um dia Òsùmàrè encontrou Esú e este, como sempre apreciou criar discórdias, semeou um conflito entre o deus do arco-íris e a velha Nanã, aconselhando Osunmaré a tomar a coroa do reino de jeje, que pertencia a Nanã. Òsùmàrè foi ao palácio de Nanã aterrorizando a todos. Nanã suplicou-lhe que não matasse ninguém, tentando dissuadir o filho de seu intento. No entanto acabou entregando-lhe sua coroa de rainha. Desde então Òsùmàrè reina sobre os jejes, no entanto continua sendo um monstro chamado Osunmaré e uma linda mulher chamada Bessem.

Irmão gêmeo de Ewá e tendo como irmãos mais velhos Osayin e Obaluaê - todos filhos de Nanã - Osumare sempre foi franzino , mas dotado de grande inteligência e capacidade. Um dia frente à frente com OLOKUM, mãe de Yemonjá, perguntou-lhe como poderia achar pedras brilhantes , preciosas. Osumare pensou e respondeu: -Senhora dos Oceanos, é preciso que faças um investimento, me dando seis mil búzios (moeda corrente)". "Sim respondeu, Olokum". Osumare apontou para a própria casa de Olokum, o mar , explicando-lhe que nas partes rasas poderia encontrar o que procurava. Olokum ficou tão feliz que deu à ele , além dos seis mil búzios , a capacidade de transformar-se em serpente e poder , com a ponta do rabo tocar a terra e com a cabeça tocar o céu. Com tal poder Osumare transformou-se em serpente esticou-se até a terra de Olorum, no céu e com os seus seis mil búzios falou ao criador: -"Pai cheguei até o Senhor. Tive de esticar-me demais para pedir-lhe ajuda, para fazer de mim aquele que tem capacidade de dobrar tudo que tem". E Olorum dobrou o número de búzios de seis para doze mil. Daí pra frente Osumare passou a ser consultado sobre os grandes negócios. Xangô fez dele seu consultor e grande conselheiro, aumentando sua riqueza de Deus do Trovão ,ao mesmo tempo que a do próprio Osumare. Este poder de se transformar em serpente e ir até o céu deu origem à um Oriki (Poema) muito bonito: " Osumare egó bejirin fonná diwó -O Arco -Íris que se desloca com a chuva e guarda o fogo no punho!"

Certa vez, Sàngó viu Òsùmàrè passar, com todas as cores de seu traje e todo o brilho de seu ouro. Sàngó conhecia a fama de Òsùmàrè não deixar ninguém dele se aproximar. Preparou então uma armadilha para capturar Òsùmàrè. Mandou uma audiência em seu palácio e, quando Òsùmàrè entrou na sala do trono, os soldados chamaram para a presença de Sàngó e fecharam todas as janelas e portas, aprisionando Òsùmàrè junto com Sàngó. Òsùmàrè ficou desesperado e tentou fugir, mas todas as saídas estavam trancadas pelo lado de fora. Sàngó tentava tomar Òsùmàrè nos braços e Òsùmàrè escapava, correndo de um canto para outro. Não vendo como se livrar, Òsùmàrè pediu a Olorum e Olorum ouviu sua súplica. No momento em que Sàngó imobilizava Òsùmàrè, Òsùmàrè foi transformado numa cobra, que Sàngó largou com nojo e medo. A cobra deslizou pelo chão em movimentos rápidos e sinuosos. Havia uma pequena fresta entre a porta e o chão da sala e foi por ali que escapou a cobra, foi por ali que escapou Òsùmàrè. Assim livrou-se Òsùmàrè do assédio de Sàngó. Quando Òsùmàrè e Sàngó foram feitos Orisás, Òsùmàrè foi encarregado de levar água da Terra para o palácio de Sàngó no Orum, mas Sàngó não pode nunca aproximar-se de Òsùmàrè.

 

OSALÁ

Osalá foi consultar os adivinhos para saber como conduzir melhor sua vida. Os velhos aconselharam-no a oferecer aos outros deuses uma cabaça grande cheia de sal e um pedaço de pano, para não passar vergonha na terra. Osalá como era muito teimoso, deu de ombros aos conselhos e foi dormir sem cumprir o recomendado. Durante a noite, Esú entrou em sua casa trazendo uma cabaça cheia da sal, amarrando-a às costas de Osalá, que jazia em profundo sono. Na manhã seguinte, Osalá despertou corcunda e desde então tornou-se o protetor dos corcundas, albinos, aleijados e lhe foi proibido o consumo de sal.

Osalufan, rei de Ifan, tinha decidido fazer uma visita a Sango, rei de Oyo, seu vizinho e amigo. Osalufan consultou um Babalaô, para saber se sua viagem se faria em boas condições. O Babalaô respondeu que a viagem seria muito penosa, que teria numerosos revezes e que, se não quizesse perder a vida, não deveria recusar os serviços que lhe fossem pedidos, nem reclamar das conseqüências que disso resultassem. Deveria, também levar três roupas brancas para trocar. Osalufan se pôs a caminho. Encontrou, logo depois, Esu sentado à beira da estrada com um barril de azeite de dendê a seu lado. Esu pediu a Osalufan que o ajudasse a colocar o barril sobre a sua cabeça. Osalufan concordou e Esu, maliciosamente, derramou o conteúdo do barril sobre Osalufan. Este não reclamou, lavou-se no rio próximo, e pôs uma roupa nova. Continuou a andar com esforço e foi vítima, ainda por duas vezes, de tristes aventuras com Esu, com carvão e com óleo de amêndoa de palma. Osalufan, sem perder a paciência, lavou-se e trocou de roupa após cada experiência. Chegou, finalmente a fronteira do reino de Oyo e lá encontrou um cavalo que havia fugido, pertencente a Sango. Quando tentava amansá-lo com a intenção de levá-lo a seu senhor, os servidores de Sango, que estavam à procura do animal, chegaram correndo e, pensando que o velho era um ladrão, jogaram-no na prisão. Sete anos de infelicidade se abateram sobre o reino de Oyo. Sango, tendo consultado um Babalaô soube que toda esta desgraça vinha da injusta prisão de um velho homem. Osalufan foi então levado à sua presença e ele reconheceu o amigo. Sango, desesperado, pediu-lhe perdão e deu ordem a seus súditos para que fossem todos, vestidos de branco e guardando silêncio em sinal de respeito, buscar água três vezes seguidas a fim de lavar Osalufan Osalufan voltou em seguida a Ifan, passando por Ejigbo para visitar o seu filho Osogyian que, feliz por rever o seu pai, organizou grandes festas com distribuição de comidas a todos os habitantes do lugar.

 

 

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